No Vasco, último a sair, que apague a luz. Isso se ela não for cortada antes

No post da semana passada, tratei aqui dos problemas que levam o Vasco à situação em que se encontra no Brasileiro, depois da passar mais da metade do campeonato entre os 4 primeiros colocados. O time, que vinha conseguindo se manter bem, apesar das inúmeras lambanças da diretoria, como era de se esperar, sucumbiu à falta de organização, estrutura e, principalmente, grana e hoje é só o sexto colocado, posição que ainda ocupa graças ao bom primeiro turno que fez. Mas o que está ruim agora deve piorar muito no ano que vem.

No domingo à noite, conversei por telefone com um titular do time, o qual, claro, pediu pra que seu nome fosse mantido em sigilo. Ele confirmou que a crise é bem mais intensa do que muitos acreditam ser. São quatro meses de salários atrasados, sem falar nos tais direitos de imagem, que não são pagos há muito mais tempo. Segundo ele, existem jogadores que estão há mais de um ano sem receber sequer um centavo. Pra piorar, o presidente Roberto Dinamite não aparece mais pra dar qualquer explicação, o que tem deixado os ânimos ainda mais exaltados nos vestiários do velho São Januário.

Recentemente, em uma reunião com “alguém da diretoria” – o cara nem soube dizer o nome do dirigente, o que mostra como as coisas andam confusas lá dentro -, os jogadores e a comissão técnica ouviram que não há dinheiro, nem tampouco uma previsão de quando esse dinheiro irá entrar, visto que o Vasco antecipou e já gastou boa parte do que tinha direito a receber em 2013. Com o nome sujo na praça, fica impossível descolar (mais) algum empréstimo. Em outras palavras, se fosse uma empresa, o Vasco estaria falido.

A situação não é nova pros vascaínos e não é diferente da de boa parte dos clubes daqui do Brasil. Mesmo na badalada Europa, não é difícil encontrar clubes que gastam bem mais do que recebem. Mas o fato de não ser o único a estar nessa draga não dá ao Vasco o direito de achar que tudo isso é normal. Não é. Não deveria ser, pelo menos. E se hoje as dificuldades já são grandes, elas devem ficar bem maiores no ano que vem. Se 2012 vai terminando mau pros da Colina, 2013 está com toda pinta de que será ainda mais duro. A começar pelo desmanche que se anuncia, e que me foi garantido pela fonte. Ele mesmo já tem proposta e está negociando sua saída. Um dos grandes de São Paulo é o destino mais provável.

Muitos outros estão correndo atrás de fazer o mesmo, inclusive alguns dos medalhões. E, a julgar pelo que ouviram do tal dirigente, o clube nada pode e nada fará pra impedir a saída deles. Sem dinheiro pra segurar quem já está lá, sem vaga na Libertadores e com fama de caloteiro, é pouco provável que o Vasco vá conseguir seduzir algum craque. Sendo assim, é bom que os torcedores se preparem pra ver em campo um time que despertará neles as lembranças mais sombrias de um passado não tão distante. Afinal, gato escaldado tem medo de água fria. E quem já teve que torcer pra Wágner Diniz, Jonílson, Faiolli, entre outras peças raras, sabe o quanto isso pode ser sofrido.

Em meio a esse turbilhão de problemas, o ensaio de uma aproximação entre Roberto e Eurico mostra que não há diferenças entre futebol e política. Se Maluf cola com o PT, por que o Eurico deixaria de colar com o Dinamite? No fundo, é tudo a mesma coisa. No futebol, assim como na democracia, tudo se resume a comadar o circo a partir da jaula dos macacos.

Mais sobre a crise no Vasco você pode ver na edição dessa semana do “Linha de Fundo”, programa que apresento ao lado de Lucas Castro, na ClicTV. Veja:

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E já está no ar a 16a edição do “Torcedor Esporte Clube”, pela Rádio UOL. No programa de hoje, Samamba e eu conversamos com o Armando Pereira, jornalista e editor de economia do UOL, que, dentre outras coisas, falou com a gente sobre as razões que levam jogadores milionários a perder tudo depois que param de jogar. Além disso, tem muito papo sobre Brasileirão, sempre com aquela descontração a qual você já está mais do que acostumado. Imperdível, rapaziada!

Abraços,
Tatu

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